sexta-feira, 24 de julho de 2009
L Guardador de Ganados - XXXVII
Cumo un grande borron de fuogo puorco
L sol çpuosto tarda-se nas nubres que quédan, ben un silbo perdido de loinge na tarde mui serena.
Debe de ser dun camboio mui loinge.
Neste sfergante ben-me ua andeble suidade
I un andeble deseio sereno
Que aparece i zaparece.
Tamien a las bezes, a la frol de ls rieiros,
Fórman-se cacholicas n’auga
Que nácen i se çfázen
I nun ténen sentido nanhun
A nun ser séren cacholicas d’auga
Que nácen i se çfázen.
Fernando Pessoa [Alberto Caeiro, O Guardador de Rebanhos]
Traduçon de Fracisco Niebro
[an pertués:
Como um grande borrão de fogo sujo
O sol-posto demora-se nas nuvens que ficam, vem um silvo vago de longe na tarde muito calma.
Deve ser dum comboio longínquo.
Neste momento vem-me uma vaga saudade
E um vago desejo plácido
Que aparece e desaparece.
Também às vezes, à flor dos ribeiros,
Formam-se bolhas na água
Que nascem e se desmancham
E não têm sentido nenhum
Salvo serem bolhas de água
Que nascem e se desmancham.]
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