Pastor, que antre nubres andas,
seguindo na tierra ls tous ganados
de xaras i pinos;
eimaige, que atrais l bafo de ls seres
bibos, renacidos ou sin acion;
bubida, que l mar bebe, i ancha
la maré, alhebanta l’óndia, solta
l sou oulor zde l’eiterno ampeço;
manto, que me calece l cuorpo znudo
ou lo amostra nun claron de brilho;
aire, armano al aire, mas que assopra
matéria, amor, magnetes;
pélos d’ouro, spargidos na tierra,
an fuolhas d’outonho aburmelhadas
ou an raleiras abiertas pa la lhuç;
queluna de puro brilho, que aguanta
ls dies antre manhanas i nuites
rostro, que ten la risa i l mirar oubíquos
até al fondo de las raízes i até als cúmios;
copa, que repite l córrio de ls astros,
bendo las outras copas houmildíssimas delantre eilha;
speilho, que al ser mirado ye scuro,
cumo ua fuonte que cuorre, sin eimaiges,
para andrento la trúbia auga de sue barriga;
abe, sin beiral adonde pousar ardendo
la figura de l’antiga fénix sacraficada;
Sol ye tou nome, l tou ser i l tou rostro.
Á Sol, you solo, poeta deste seclo, sei
que ne l feturo t’eirás a bolber nada.
Miu Sol, lhebarás an ti todos ls bersos
de ls poetas, an lhibros, an lhápidas.
Fiama Hasse Pais Brandão [Cenas Vivas, 2000].
Traduçon de Fracisco Niebro
[an pertués
Astronomia
Pastor, que entre nuvens pastoreias,
seguindo na terra os teus rebanhos
de estevas e pinheiros;
imagem, que atrais o hálito dos seres
vivos, renascidos ou inertes;
bebida, que o mar bebe, e incha
a maré, levanta a onda, solta
a maresia desde o eterno início;
manto, que me aquece o corpo nu
ou o mostra num halo de esplendor;
vento, igual ao vento, mas que sopra
matéria, amor, magnetos;
cabelos de ouro, espargidos na terra,
em parras de outono avermelhadas
ou em clareiras abertas para a luz;
coluna de puro brilho, que sustém
os dias entre manhãs e noites;
rosto, que tem o riso e o olhar ubíquos
até ao fundo das raízes e até aos cumes;
corola, que repete a órbita dos astros,
vendo as outras corolas humílimas ante si;
lâmpada, de silêncio inatingível,
entre os sons mais próximos das criaturas
que, em silêncio também, com ela cantam;
mão decepada que afaga o mundo
como se os dedos caídos fossem raios;
espelho, que ao ser olhado é opaco,
como uma fonte que jorra, sem imagens,
para dentro a turva água do seu bojo;
ave, sem beiral onde poisar ardendo
a figura da antiga fénix imolada;
Sol é teu nome, o teu ser e a tua face.
Ó Sol, eu só, poeta deste século, sei
que no futuro irás tornar-te nada.
Meu Sol, levarás em ti todos os versos
dos poetas, em livros, em lápides.]
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
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