quinta-feira, 7 de março de 2013
casa de morada
nó, Ricardo Reis, nun hai
solo nuite na rue, nien l atrasado
ye solo para lhembrar, puis
nessa casa inda moramos
solos, muortos yá ls Lhares
sbarrulhas te se ls tejolos
sacas de adonde te oupiste tu
por anhos i tantos dies: feliç
se puodes aceso mantener
l camino que te trouxo al que sós
ramos de mirares i oulores
sonidos i un cierto modo
de traieres arriba la lhuç
que an rostros te calece tous
todo guarda i trai cuntigo
passa delgeiro l feturo, se benir,
mas queda te l'eiternidade
que te ata na punta dua cadena:
tou, solo l passado tiempo tenes
l outro ye guerra que perdes un die
//
não, Ricardo Reis, não há
só noite lá fora, nem o passado
é apenas para recordar, pois
nessa casa ainda moramos
sós, mortos já os Lares
desmoronas-te se os tijolos
retiras de onde te ergueste tu
por anos e tantos dias: feliz
se podes vivo manter
o caminho que te trouxe ao que és
grinaldas de olhares e odores
sons e uma certa maneira
de trazeres à tona a luz
que em rostos te aquece teus
tudo guarda e traz contigo
passa breve o futuro, se vier,
mas fica-te a eternidade
que te prende na ponta duma cadeia:
teu, apenas o passado tempo tens
o outro é guerra que perdes um dia
Marcus Miranda
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário