Al salbar miles de judius de ir a aparar als campos de Hitler, Aristides Sousa Mendes amostrou que siempre puode haber repuosta pa ls mostros que la stória bai criando. Ye essa repuosta que mos repon la denidade de pessonas, tirada por aqueilhes mostros, i mos dá proua de pertencermos a la raça houmana.
Cuido que ua pessona nun ye grande por criar un paíç nuobo, por haber sido la purmeira an algue cousa, por haber screbido guapos poemas ou por outros feitos aparecidos. Solo será grande se, para alhá desso ou mesmo sien nada desso, fazir abançar un cachico la houmanidade por haber ajudado a oupir la denidade houmana, por bien pouco que seia. I esto tanto se faç por grandes obras cumo, subretodo, por obras pequeinhas que son filicos nua tela, nua rede que puode agarrar l mundo anteiro. Ls que stubíren nesta situacion ye que son, cuido you, ls grandes pertueses. Naide sabe l nome de l mais deilhes pa que le puodamos dar l galardon, mas al menos deixa-mos la certeza de que ye possible pertencer a esse númaro.
Zde que naci yá coinci muita giente que pertence a esse númaro de grandes pertueses, an que la bida ye un milagre de bencir las mais grandes deficuldades de l mundo sien zanimar. Se boto an Aristides Sousa Mendes ye solo porque l beio cumo repersentante de todos eilhes, cumo aquel que ancarna l que de melhor hai an todos. La marca de ser grande, para mi, stá bien a la muostra: al mirar pa la sue bida, pa l que son i pa l que fázen, dá-me gana de bibir, dá-me ganar de ser melhor i faç-me acraditar nas pessonas. Naide poderá ser un grande pertués se, pulas mesmas rezones, nun podir tamien ser ua grande pessona para toda la houmanidade.
25.03.2007
3 comentários:
Li esta buossa crónica cun special agrado, pul que screbistes i l zacordo cumo aqueilho fui feito.
Tamien a mi, i dende you deixar eiqui l mui puonto de bista.
L que ls botantes de l porgrama “Grandes Pertueses” quejírun dezir ye ua seinha de l tiempo que todos bibimos.
Cuido an purmeiro, que ten habido un çculpar la forma mala de l goberno desse tiu, chegando mesmo a deixar l’eideia quel era un home hounesto, dende ser un Paiç cheno d’ouro, sin díbedas i anté andireitou las finanças.
Squecendo las pessonas de todo l mal que fizo, cumo se habisse un rodilho que lhimpe las bergonhas de mandar prender, bater i matar. Cumo se isso fusse própio de l tiempo, l pobo tenie que quemer cereijas solo porque ye tiempo deilhas. Nunca puode haber honestidade, cortando la lhaberdade de ls outros.
Mesmo quel nun amuntonasse riqueza solo para el, ( cousa que muitos fázen hoije que acúpan esse lugar) para que la querie, s’el tenie todo l que precisaba!?
Cuido you que quando se fázen estas percuras i hai repuostas cumo estas, solo se puode pensar que ye ua seinha de ls tiempos. Subre este nebrineiro scúnde-se ganáncia, algues quédan cul de ls outros de l Stado (de todos nós), i naide ls mete andrentro de las caniças de la lei. Ye la corrupçon. Porque anda por ende muita giente que cul sudor de ls outros queda rico. Al pobo queda ua mano para smolar i outra para rebisar las algebeiras.
Assi crece l’eideia de que bien debrebe percisa de nacer un Messias.
L’eideia arrada de que fai falta un salbador medra porque se cultibou ua Stória feita de pessonas ralas.
Nun hai anganho pior que pensar assi. La berdade ye que la Stória ye feita de pessonas simples. Nanhun xefe fai camino solo.
Ls grandes Pertuesses somos todos nós. Se nun díramos las manos nun ampurrion cierto, cumo pobo deste Paiç, nun hai “salbador que mos balha”
Faustino Antão
Vou exprimir-me em « Pertués ». Peço desculpa aos « Mirandeses » e a todos aqueles que se interessam e gostam de ler em « Mirandês ». Exprimir-me-ei « na nuossa lhéngua » noutra ocasião. Já sei que não faltam as oportunidades de o fazer no seu Blog, Amadeu. Obrigadíssima !
Logo no início, quando publicou este texto, tinha-lhe prometido deixar um comentário e evocar também o Grande Homem que foi, sem a menor dúvida, Aristides de Souza Mendes (É nele que eu teria votado também)… mas o tempo foi passando e já nem me lembrava que Salazar podia perfeitamente ser escolhido pelos votantes… até que há dois dias, numa pequena revista publicada aqui em França soube afinal que foi ele, o Ditador ! que chegou em primeiro lugar. Imediatamente, senti eu também a necessidade de escrever porque temos a prova que nunca será inútil informar, testemunhar e alertar. Decidi editar esse meu comentário de protesto no site da vila onde nasci e onde nasceu também, Amadeu : Sendim. Comentário que vou agora, com a sua autorização, editar também aqui.
Acrescento simplesmente que há apenas um ano, no mesmo site, tinha evocado Aristides de Sousa Mendes, o único Português cujo nome foi dado a uma escola e a um liceu, aqui em França onde moro. Aristides de Souza Mendes : Cônsul Geral de Portugal nesse consulado de Bordéus aonde me lembro com meus pais de ter ido também (era « garotica » ; tinha uns dez anos ; no início dos anos 70) para renovar passaportes… Na altura, ninguém nos falou de Aristides de Souza Mendes que é hoje considerado e já naquela altura em certos países, como um herói da Humanidade… Mas nós, Emigrantes portugueses radicados em França, o que éramos então e o que somos ainda hoje duma certa maneira senão outra diáspora ; talvez mais parecida do que parece e quem sabe ? até idêntica quase com aquela que foi tragicamente perseguida e condenada aos campos de extermínio durante a segunda guerra mundial com a cumplicidade desse ditador, António de Oliveira Salazar, que no entanto certos telespectadores decidiram eleger, em 2007, como o Maior Português de todos os Tempos !
Na minha opinião, o que se passou em Março passado aí em Portugal, é mais grave do que pode parecer e não tenho a certeza, mais uma vez, que tudo seja feito nesse país como em muitos também ainda para que, de uma vez para todas, haja uma tomada de consciência que leva os homens a considerar que não se brinca com a História ; sobretudo quando milhões de homens e entre eles milhares e milhares de crianças inocentes perderam a vida em condições que ultrapassam o entendimento humano. Nem isso o ditador Salazar teve a inteligência de compreender. E o que seríamos nós todos, ainda hoje, se não houvesse pessoas lúcidas e com uma alta consciência de tudo o que pode valer o ser humano… pessoas, sim, e só assim, como Aristides de Souza Mendes ?
Mas não foi ele, « O Justo », que foi escolhido, em Portugal, nesse concurso da RTP… Foi o outro... !
Aqui têm então o mesmo artigo que pus no Blog de Sendim em Linha :
Numa revista editada em França pela associação de luso-descendentes Cap Magellan (Cabo Magalhães) sediada em Paris e redigida em Português e em francês, soube com um pouco de atraso (no número de Abril) que foi finalmente Salazar que foi escolhido pelos telespectadores da RTP como « O maior Português de todos os tempos » em detrimento de personagens cujo valor histórico é incontestável como Aristides de Sousa Mendes (de que uma vez já aqui falei neste Blog), Luís de Camões, D. João II, Henrique o Navegador ou Vasco da Gama, para citar apenas estes.
É estranho que ninguém neste site (tão importante !) se tenha lembrado de falar sobre este facto… (tão pouco importante ?)
O artigo redigido em francês (que foi e ainda é lido também por aqueles que não sabem muito bem ler em português e também Franceses por exemplo) explica em que condições mais do que contestáveis foi realizado o concurso pela RTP e diz, entre outras coisas, o seguinte :
« Même si on imagine que certains nostalgiques ont dû participer en force au scrutin et que d’autres ont trouvé là le moyen de faire un vote de protestation contre la classe politique actuelle, on doit se poser certaines questions sur la mémoire collective de la société portugaise… »
Que dizer mais ?
Certamente que não é lá uma óptima publicidade para Portugal ter eleito um ditador !
Finalmente, talvez seja uma boa coisa viver num país, como é o meu caso, que escolheu uma figura incontestável : o General de Gaulle, herói da Resistência contra os nazis alemães ; aquele que, durante a 2da guerra mundial, libertou a França com a ajuda também incontestável de outro grande homem : Winston Churchill que foi também escolhido, no âmbito do mesmo tipo de concurso promovido pela BBC, pelos telespectadores ingleses.
Grandes Homens, esses dois : de Gaulle e Sir Winston Churchill !
Agora Salazar…
« Temos que nos interrogar, dizem os redactores da revista Cap Magellan, sobre a memória colectiva da sociedade portuguesa… »
Eu, nestes últimos dias, a alunos que estudam Português, falei-lhes da guerra colonial, do 25 de Abril, de « Grândola Vila Morena » que foi gravada pela primeira vez em França, perto de Paris, e de José Afonso que pessoalmente cheguei a ouvir cantar por duas vezes, aqui em França, e de que se comemora este ano o aniversário da sua morte há vinte anos…
Falei-lhes disso tudo e uma coisa ficou bem clara : Salazar foi um ditador sem a menor sombra de dúvida ; mas um grande homem ? Nunca ! Mas mesmo nunca !
Et que le diable l’emporte !
(Havemos de dizer isso mais vezes!)
Bien falado, Ana. Diabos lhieben al tiu.
Cumo diç Faustino, grandes pertueses somos todos nós. Menos uns quantos, acrecento you.
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