Oulá, guardador de ganados,
Ende la borda de la strada,
Quei te diç l aire que passa?»
«Que ye aire, i que passa,
I que já passou antes,
I que passará apuis,
I a ti l que te diç?
«Muita cousa mais do que esso.
Fala-me de muita outra cousa,
De lhembráncias i de sauidades
I de cousas que nunca fúrun.»
«Nunca oubiste passar l aire.
L aire solo fala de l aire.
L que le oubiste fui mintira,
I la mintira stá an ti.»
Fernando Pessoa [Alberto Caeiro]
Traduçon de Fracisco Niebro
[an pertués:
Olá, guardador de rebanhos,
Aí à beira da estrada,
Que te diz o vento que passa?»
«Que é vento, e que passa,
E que já passou antes,
E que passará depois,
E a ti o que te diz?»
«Muita cousa mais do que isso.
Fala-me de muitas outras cousas,
De memórias e de saudades
E de cousas que nunca foram.»
«Nunca ouviste passar o vento.
O vento só fala do vento.
O que lhe ouviste foi mentira,
E a mentira está em ti.»]
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1 comentário:
Buonas tardes, porsor.
O Manuel Alegre bem pode pedir notícias do seu/nosso país ao vento, o Bob Dylan bem pode dizer que a resposta está no vento, mas o Alberto Caeiro, que é um homem simples, é que sabe: o vento só fala do vento.
Grande poema.
Um abraço,
F.
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