A nabegar nun doce mar de mosto,
Capitan ne l sou posto
De quemando,
San Lhionardo bai sucando
Las óndias
De l’eiternidade,
Sin priessa de chegar al sou çtino.
Ancostado i feliç ne l cais houmano,
Ye un temprano zanganho
Que bai dreito al cais debino.
Alhá nun tenerá pardones
Nin binhales
Na menina de ls uolhos zlhumbrados;
Douros zaugados
Seran poçacas de lhuç
Ambelhecida;
Rasos, todos ls montes
Deixaran bolar ls hourizontes
Por esso, ye debagar que s’achega
De la bienabinturança.
Ye debarico que l rabielho abança
Ambaixo sous pies de marineiro.
I cada hora a mais que gasta ne l camino
Ye un sorbo a mais de cheiro
A tierra i a tomielhos.
[an pertués:
S. Leonardo de Galafura
À proa dum navio de penedos
A navegar num doce mar de mosto,
Capitão no seu posto
De comando,
S. Leonardo vai sulcando
As ondas
Da eternidade,
Sem pressa de chegar ao seu destino.
Ancorado e feliz no cais humano,
É num antecipado desengano
Que ruma em direcção ao cais divino.
Lá não terá socalcos
Nem vinhedos
Na menina dos olhos deslumbrados;
Doiros desaguados
Serão charcos de luz
Envelhecida;
Rasos, todos os montes
Deixarão prolongar os horizontes
Até onde se extinga a cor da vida.
Por isso, é devagar que se aproxima
Da bem-aventuraça.
É lentamente que o rabelo avança
Debaixo dos seus pés de marinheiro.
E cada hora a mais que gasta no caminho
É um sorvo a mais de cheiro
A terra e a rosmaninho.]
In Diário IX, Ordonho, 2 de Outubro de 1961
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