domingo, 1 de abril de 2007

Ls que se ban

Senhora, ban-se tan tristes
Mius uolhos por bós, miu bien,
Que nunca tan tristes bistes
Outros alguns por alguien.

Tan tristes, tan sauidosos,
Tan dolientes de la ida,
Tan cansados, tan chorosos,
De muorte mais deseosos
Cien mil bezes que de bida.
Ban-se tan tristes ls tristes,
Sin sprança d’asperar bien
Que nunca tan tristes bistes
Outros alguns por alguien.

João Roiz de Castelo-Branco (séc. XV)
in Cancioneiro Geral de Garcia de Resende


[Poema an pertués:

Senhora, partem tão tristes
Meus olhos por vós, meu bem,
Que nunca tão tristes vistes
Outros nenhuns por ninguém.

Tão tristes, tão saudosos,
Tão doentes da partida,
Tão cansados, tão chorosos,
Da morte mais desejosos
Cem mil vezes que da vida.
Partem tão tristes os tristes,
Tão fora d’esperar bem
Que nunca tão tristes vistes
Outros nenhuns por ninguém.]

Sem comentários: